Robbie Williams, para dar uma chance a esse Britânico provocador

Costumo sempre ir ao cinema, e quando aparecem cinebiografias fico com um misto de dois pensamentos: o de curiosidade, por se tratar de música, e outro de “tomara que não seja mais um filme chapa branca feita pela família que santifica o artista”. E na maioria das vezes, a segunda opção é o que acontece, infelizmente. Desta vez fui ver o “Better Man – A história de Robbie Williams” e ao final da sessão, minha primeira impressão e impacto foi a forma criativa que a história é abordada, usando um chimpanzé de CGI (o que poderia ter dado muito errado). Além dos efeitos especiais que fazem alusão ao uso excessivo de drogas pelo cantor, e como ele, em conjunto com o diretor Michael Gracey, decidiu jogar na tela seus defeitos e qualidades de forma nua e crua, sem procurar ser santo ou somente um badboy. Ele está sendo apenas “Robbie Williams” e usando, em algumas vezes, um humor autodepreciativo (típico inglês) e deixando claro suas referências na música. Melhor, a trindade que guia a sua musicalidade: Dean Martin, Sammy Davis, e não menos importante Frank Sinatra, preste a atenção há esse nome.

(Obs: dentro da trilha sonora original do filme, todas as canções do filme são da carreira de Williams, exceto uma: Forbidden Road, que foi composta para o filme).

Seu primeiro disco em carreira solo, Life thru a Lens, foi lançado em 1997. (Lembrando que ele iniciou sua trajetória em uma boyband pavorosa, empresariada pôr Nigel Martin-Smith, chamada Take That, com canções pobres em arranjos e letras juvenis, tão profundas quanto um pires. O cantor fez parte do grupo de 1990 a 1995, quando saiu por motivos de desentendimentos com os outros integrantes devido ao uso descontrolado de álcool e drogas.

Mas, vamos ao que interessa: nesse primeiro disco é clara a influência do Britpop e rock, tendo alguns singles, como as canções “Let Me Entertain You” e principalmente “Angels”, que catapultou Williams a uma carreia solo internacional. Se você tem mais de 25 anos, provavelmente já deve ter ouvido ela em algum lugar. Vale destacar que nesse álbum temos o início da parceria entre Robbie Williams e o produtor Guy Chambers (atenção, a esse nome!). Ele é o responsável pelo grande sucesso dos próximos 3° discos do Williams.

Em 1998 o cantor lança seu segundo álbum “i’ve been expecting you”. Para quem não sabe, nos meandros da indústria fonográfica, em sua grande maioria, pelo fato do primeiro disco vender mais do que o espero e lucrar, existe uma cobrança para que o segundo álbum seja tão bom ou melhor que o primeiro. No caso desse trabalho, posterior ao primeiro, temos um disco mais maduro em questão de composições, arranjos e melodias. Aqui temos o equilíbrio perfeito entre Williams e Chambers. Já no 3° disco, “Sing when you’re winning”, lançado em 2000, temos um lado mais swingado e pop/dance, destacando a excelente balada acústica intimista “Better Man”, que leva o nome do filme. Também “Rock DJ” que é uma canção simples em termos de letras, mas interessante na melodia dançante que traz. Vale mencionar a participação da Kylie Minogue na canção “Kids”, que traz uma dinâmica de vocais bem interessantes em cima de uma base instrumental mais pesada.

No início do texto comentei sobre guardar um nome, lembra? Em 2001 Williams lançou um disco chamado “Swing When You’re Winning”, que faz alusão ao terceiro álbum da sua carreira. No mesmo ano também divulgou um ao vivo no Royal Albert Hall, formado somente com canções voltadas aos grandes nomes do jazz do começo do século XX, Robbie fecha a noite com a icônica “My Way” de Frank Sinatra, assista a esse show, e entenda um pouco do final do filme “Better Man”.

Meu primeiro contato com as músicas do cantor britânico foi no disco “Escapology”, lançado em 2002, mais exatamente na excelente canção pop “Feel” em que o piano conduz a música com os vocais serenos de Robbie, lembrando um pouco de Elton John no piano. Para esse álbum e os próximos até 2009, o cantor assinou um contrato de 80 milhões de libras com a gravadora EMI. Era clara a intenção do músico de entrar no mercado americano, sempre foi, mas nunca conseguiu de fato, apesar do cantor ser um fenômeno na Inglaterra. O disco tem alguns acertos como a própria “Feel”, “Something Beautiful” e “Come Undome”. Já nas canções “Hot Fudge” e “Song 3” o cantor escancara através de suas letras o desejo de entrar na indústria musical americana de qualquer maneira.

Por último, mas não mesmo importante, um artista ou banda pode lançar excelentes discos em toda a sua carreira, mas a prova genuína de sua arte e talento se faz no palco. Por isso recomendo fortemente o excelente ao vivo Robbie Williams At Knebworth que reuniu, ao todo, um público de 375.000 pessoas em 3 noites seguidas em agosto de 2003. Nesse show você vai entender quem é Robbie Williams, e conhecer seu irresistível carisma de “canastrão” no palco. Trazendo uma banda afiada, com um repertório as vezes mais dançante, outras mais intimistas, tudo que digno show pop deve ter.

Até aqui, em todos os discos temos contato com letras autodepreciativas, cheias de sarcasmo e muito provocadoras. O músico mostra o quanto ele é perturbado por suas próprias falhas em relação a família, ex-membros do Take That e seus vícios. Como já dizia Frank Sinatra na icônica canção “My Way”, que diz muito sobre Robbie Williams, e levo e uso como exemplo na minha vida “Pois o que é um homem, o que ele tem? Se não a si mesmo, arrependimentos, tenho alguns, tive minhas falhas, e persisti, sem exceção, para dizer as coisas que ele sente de verdade e não as palavras de alguém que se ajoelha, “Sim! Eu fiz do meu jeito”.

 

 

 

Abaixo fiz uma playlist selecionada por mim para você conhecer mais afundo Robbie Williams:

 

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